Isabel Ruth
ISABEL RUTH, bailarina, actriz, nasceu em Tomar, a 6 de Abril de 1940.
Foi para Lisboa aos 12 anos, onde começou a estudar ballet e, em 1958, partiu para Londres, onde, durante dois anos, frequentou a Royal Ballet School. De regresso a Portugal, ingressou no Grupo Experimental de Ballet (que mais tarde se transformaria no Ballet Gulbenkian). Aí obteve vários sucessos como bailarina, sendo de destacar a sua criação em Ritmo Violento (1961), coreografado por Norman Dickson.
Ingressou no teatro por volta de 1970, depois de se estrear em O Marinheiro, de Fernando Pessoa, dirigida por Fernando Amado no Teatro da Casa da Comédia. Trabalhou depois com Ribeirinho (1967 - O Inspector Geral, de Nikolai Gogol, no Teatro Villaret), José Wallenstein, Fernando Heitor, Diogo Dória, Jorge Listopad, entre outros.
Estreou-se no cinema com um dos mais míticos filmes do cinema Português, "Os Verdes Anos", de Paulo Rocha (1963)
No âmbito internacional, uma curta-metragem com Pascal Aubier em França foi o ponto de partida para trabalhar com vários realizadores europeus. Instalou-se em Itália, em 1967, e aí frequentou os meios artísticos. Tornou-se amiga de Pier Paolo Pasolini e de Bernardo Bertolucci, participando em diversas curtas metragens. Foi dirigida por Pasolini em Edipo Re (1967), protagonizou duas longas-metragens (uma, Il Retorno, realizada por Leonello Massobrio, outra, H2S de Roberto Faenza). E também teatro - ao lado de Laura Betti, fez Il Ricatto all Teatro, de Dacia Maraini.
Depois de uma longa viagem ao Oriente, viveu em Espanha e, em 1973, regressou a Portugal. Em 1979 regressou ao teatro (em Éden Cinema de Marguerite Duras, encenado por Fernando Heitor) e no cinema encarnou a rainha D. Teresa no filme O Bobo, de José Álvaro Morais.
Considerada uma das maiores Atrizes do cinema português, é presença habitual na cinematografia de Paulo Rocha, que a dirigiu em Os Verdes Anos (1963), Mudar de Vida (1966), O Rio do Ouro (1998), A Raiz do Coração (2000) e Vanitas (2004). Trabalhou regularmente com Manoel de Oliveira em Vale Abraão (1993), A Caixa (1994), Viagem ao Princípio do Mundo (1996), Inquietude (1998), Vou para Casa (2001), O Princípio da Incerteza (2002) e Espelho Mágico (2006). Foi ainda dirigida por João Botelho (1980 - Conversa Acabada, 1988 - Tempos Difíceis), José Álvaro Morais, Jorge Silva Melo, Lauro António, Jorge Cramez, Eduardo e Ann Guedes, Manuel Mozos, Raúl Ruiz, Margarida Gil, Fernando Lopes, Teresa Villaverde, Pedro Costa, Raquel Freire, Cláudia Tomaz e Catarina Ruivo.
Em 1995, no Festival de Cinema em Moscovo "Faces of Love", é eleita a melhor atriz pelo seu desempenho no filme Pax, de Eduardo Guedes (1994). Voltou a filmar em Itália com Tonino de Bernardi, onde participou na XVII edição do festival “Segni Barocchi”, em Foligno. No final de 1999, a Cinemateca Portuguesa faz-lhe uma homenagem e João Bénard da Costa dedica-lhe o livro A dupla vida de Isabel Ruth.
Isabel Ruth também pinta, escreve e compõe música, tendo publicado Fotopoesia (2006) pela Guerra&Paz, uma autobiografia poética, com prefácio de Urbano Tavares Rodrigues.
Em 2007, recebeu o Globo de Ouro como Melhor Atriz Cinema, pela sua interpretação em Vanitas, de Paulo Rocha (2005).
A 27 de março de 2018, foi feita Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique.[2]
2019 ficou marcado pelo regresso de Isabel Ruth ao pequeno ecrã, em Terra Brava – SIC, e pelo Globo de Ouro, novamente na categoria de Melhor Atriz de Cinema, desta vez com a sua interpretação em “Raiva”, de Sérgio Tréfaut, um filme a preto e branco que retrata a exploração laboral e da injustiça social vivida no Alentejo da década de 1950.